Páginas

sexta-feira, outubro 24, 2014

O Monociclo






O Motociclo de Roda Única foi a evolução lógica do"uniciclo" sem motor (ver no final desta página). A origem do Monociclo não está perfeitamente clara e não se pode afirmar com convicção quem terá sido o seu inventor.

O mais antigo registo consta na revista "La Vie de l'Automobile" de 23/04/1904, que publicou a imagem acima e que representa aquela que terá sido a primeira aparição pública da criação de um tal senhor Garavaglia, no Salão de Milão desse mesmo ano.

Baseado no conceito de uma roda de grande diâmetro, cujo aro fornecia uma pista e uma roda dentada onde encaixava um "quadro" assente em rolamentos que albergava o condutor, o motor, o depósito de combustível e o sistema de tração.

A mudança de direção era feita à base da inclinação do peso do condutor e do motor para o lado interior da curva, por isso os "quadros" pivotavam para ambos os lados sob o accionamento do volante, ou mais propriamente do leme, já que este não movia diretamente nenhuma roda.

No caso da imagem acima, ainda pode comprovar a existência de uma roda estabilizadora que era utilizada para a paragem e que foi descartada nas futuras evoluções do conceito. Mas se pensava que isto é uma loucura, então aprecie acima a versão mais extravagante deste conceito, e que pode ver abaixo.



Em Abril de 1914, a revista  Popular Mechanics dava conta de um monociclo propulsionado por uma hélice, de autoria de um tal  D’Harlingue e que foi apresentado ao público em 1917. Chamaram-lhe The D’Harlingue Monowheel e segundo parece a hélice seria especial para proporcionar velocidade e mudança de direção. Repare nas proteções em forma de forquilha para impedir que a hélice tocasse no chão.

Que conste esta terá sido esta a única tentativa de mover o "uniciclo" à custa de deslocação do ar. A transmissão mecânica terá sido sempre usada nas evoluções seguintes do conceito.



A imagem acima representa a "Motoruota" de fabrico italiano, num artigo publicado em 1927 da Revista Motorcycling inglesa. O facto de ser uma senhora a conduzir deveria servir para desmistificar a dificuldade de condução.

Em termos de patentes foi Davide Cislaghi que, em França, em 1924, registou o seu protótipo. Mais tarde, em 1931, terá também registado a patente em Itália, juntamente com um tal senhor Goventosa, de Udine.

Com base em publicidade francesa dos anos de 1920, pode saber-se que a "Monoruota" sofreu diversas modificações sendo que pelo menos três versões diferentes foram referenciadas, apesar do mesmo "layout". Apresentava uma roda com 1,45m de altura, um motor monocilíndrico de 175cc arrefecido a ar, e caixa de três velocidades, tal como na patente francesa de 1924. Tinha um volante, para balançar o peso de um lado para o outro e conseguir mudar de direção e o aro externo era suportado por três roletes em três apoios diferentes. Segundo fontes documentais, este veículo conseguia atingir velocidades que rondavam os 150km/h, um valor interessante porquanto a estabilidade era muito limitada.



Ainda se podem encontrar registos de protótipos que recorriam a giroscópios para manter a estabilidade e facilitar a mudança de direção. Na maioria das versões desenvolvidas, havia o risco de que a força da aceleração ou da travagem excedessem a força da gravidade exercida sobre o quadro, e todo o conjunto - condutor, motor e depósito - fossem "centrifugados" dentro do aro exterior, fenómeno denominado de "gerbiling" (por analogia ao que acontece com os ratos (gerbil) ao girarem demasiado depressa numa roda de hamster).



Não consegui encontrar registos da quantidade de Motociclos fabricados, mas na foto de cima podemos ver Mr. Gerdes, um engenheiro suíço que em 1931 fez uma viagem até Espanha, vindo da Suiça. Não se sabe se terá sido o fabricante do "Monociclo" que conduzia, ou se este seria apenas um modelo da fábrica Monoruota com algumas alterações. Tampouco se sabe se terá mesmo chegado a alcançar Espanha, já que esta foto terá sido tirada em Arles, França.



Em 1932 apareceu a Dynosphere (ou Dynasphere, segundo algumas fontes) que terá sido inventada por J. H. Purves. Difere do Monociclo pela sua base mais larga, que era efetivamente um tronco de esfera, e que lhe permitia manter o equilíbrio quando parava. Era movida por um motor a gasolina de 2,5 cv. Na imagem de cima, está o filho do inventor a tentar dominar os mais de 450 kg que constavam ser o peso do conjunto. No entanto a reportagem afirmava que o "engenho" quase conseguiu atingir os 50km/h. Provavelmente tratar-se-ia de uma experiência militar, já que de diversos arquivos também consta uma versão especificamente bélica que pode ver na ilustração abaixo:





Todos estes "veículos" e conceitos serão evolução de uma ideia do século XIX, já que um tal de Richard C. Hemming registou a primeira patente de um "uniciclo"em 1869. Chamou-lhe Hemming's Unicycle, mas ficou conhecido por "Flying Yankee Velocipede". Era totalmente construído em madeira e funcionava, como podem ver, com manivelas sendo a tração feita por simples cordas.

Hemming's Unicycle



Se o tema lhe interessa, então não perca este site onde pode encontrar muitas ideias loucas baseadas neste mesmo princípio:

segunda-feira, outubro 20, 2014

Saltos de moto com pára-quedas



O primeiro salto de moto com pára-quedas, teve lugar em Los Angeles, em 1926. Foi protagonizado por um tal Fred Osborn que saltou sobre um precipício de aproximadamente 60 metros. Não foi perfeito, mas o tipo sobreviveu! Talvez não tão pomposamente como o final do vídeo dá a entender, mas provavelmente um pouco pior, já que a notícia publicada numa conceituada revista da época (Popular Science) dá conta de outra realidade bem diferente, afirmando que o que terá salvo o nosso intrépido motociclista foram os fios das linhas telefónicas, pois o pára quedas não chegou sequer a abrir e o Fred terá sido levado para o hospital em estado crítico, enquanto que a pobre moto era consumida pelas chamas.





Mas não ficou sem resposta! Em 19 de Maio de 2006 Mario Pardo, pára-quedista e base jumper português, também com a ajuda de uma moto, atirou-se do Cabo Girao (Ilha da Madeira) que tem 580 metros de altitude e, ao contrário da pobre moto, aterrou sem qualquer problema! Aqui ficam também as imagens: