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quarta-feira, maio 01, 2013

Dream It - Elixir da Juventude





Da oficina de Sebastião Guerra saiu uma moto muito especial, que encerra a essência do espírito de rebeldia e liberdade em que assentam as premissas do motociclismo. De uma moto de série, renasceu uma moto fora de série, perfeitamente legal, eficiente e confortável e sobretudo passível de uma utilização urbana diária.
Desde que vi a SG01 - Dream It pela primeira vez, em reportagem para a Revista Motociclismo (edição nº262 - fevereiro 2013), achei-a encantadora. Exibia linhas leves e frescas, simplicidade máxima, peso mínimo e sobretudo muito bom gosto. Claro que foi precisa muita imaginação. Ainda não consegui perceber como é que o Sebastião Guerra teve esta “visão” e conseguiu converter algo demasiado “cinzento e aborrecido” numa coisa tão gira e viciante.
Eu já andava há muito tempo para lhe pôr a mão,  Mas o mau tempo ou a falta dele ainda não me tinham dado hipótese de a testar.




Tinha sobretudo curiosidade de saber se o “making over” tinha valido a pena e se a moto se mantinha operacional e funcional, ou se estava destinada a apenas “enfeitar” qualquer garagem. 
Finalmente a oportunidade surgiu. E nem foram precisos muitos quilómetros para perceber que, com uma moto destas na mão, a minha carta de condução e a minha carteira iam sofrer à grande. É que esta moto não me deu um segundo de sossego! 
Primeiro pela leveza e manobrabilidade que a transformam numa fura-trânsito inveterada, permitindo passar tudo e todos em qualquer rua ou estrada, e depois, se isso não for suficiente, atalhar caminho por onde quer que nos dê na gana. 




Para culminar ainda há o facto de ninguém lhe ficar indiferente. Desde o miúdo que está ao nosso lado na bomba a abastecer a sua scooter, ao senhor do Mercedes parado ao nosso lado no semáforo, todos lhe deitam o olho, com uma expressão de admiração incontida. Claro que o ronco do motor monocilíndrico também tem as suas culpas no cartório! Apesar deste não ter (ainda) sofrido qualquer alteração e se apresentar rigorosamente de origem e com uma quilometragem já bem avançada, a subida de rotação, a entrega de potência e o ruído perfeitamente sincopado, abrilhantado por uns perfeitamente oportunos “ratreres” de ignição, fazem as delícias de qualquer um.
Aos seus comandos, voltei ao tempo que, ainda menor e antes de possuir licença de condução, aos comandos de uma pequena Honda CB50, escapava ao carocha azul e branco das forças da autoridade, entre Cascais e Oeiras. Voltei ao tempo em que as ruas e estradas não eram tantas, e que em contrapartida os caminhos de terra, os jardins e os quintais da vizinhança eram frequentemente usados para reduzir distâncias ou despistar carochas azuis e brancos...  
Quanto mais não fosse por isso, obrigado Sebastião. Mas por favor... não me voltes a dar a chave! ;-)





Fotos: ToZé Canaveira