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sábado, junho 23, 2012

BMW F800R


Um saltinho ao Algarve, fez-me criar uma certa intimidade com esta BMW F800R.

Não foi por muito tempo. Apenas dois dias e pouco mais de setecentos quilómetros. Mas mal me sentei nela achei-a muito ergonómica e confortável. A qualidade de construção é notoriamente germânica e os acabamentos são de muito bom nível. Mal arranquei encontrei-a leve, muito equilibrada, com uma resposta muito rápida, bastante segura e com uma travagem muito eficaz. A ciclística inspira confiança, tornando-se muito fácil de conduzir.


O motor ruge a plenos pulmões, proporcionando uma aceleração muito competente que, acompanhada pelo som da ponteira Akrapovik, consegue gerar elevados níveis de adrenalina. É bastante "cheio", não sendo necessário utilizar frequentemente a caixa de velocidades. Mesmo a baixa velocidade ou com passageiro. E em altas tem sempre lá qualquer coisa mais para "espremer" subindo de rotação alegremente até fazer com que a luz do limitador de rotação acenda, mesmo em sexta velocidade (!).

O seu desempenho em viagem apenas fica comprometido pela escassa proteção aerodinâmica, mas ainda assim, em ritmo de passeio é bastante confortável.
É esguia, pelo que também encara a cidade com elevada competência e leva-nos a qualquer lado num instante, mesmo que o alcatrão esteja repleto de “latas engarrafadas”.

Os maus pisos tampouco são problema. A suspensão é bastante firme mas suave e tem um desempenho acima da média, permitindo encarar com grande à-vontade os pisos mais degradados. E ainda consegue encantar o condutor e o passageiro com o seu assento muito, mas mesmo muito, confortável.

Ao levar-me ao Algarve, conseguiu compensar impecavelmente o atraso involuntário da minha partida e ganhar-me quase uma hora ao tempo que tinha previsto demorar. Apesar do ritmo elevado, só necessitei de abastecer uma vez. Na Mimosa. E para fazer os primeiros 170km de viagem gastou 10 litros de gasolina – uma média inferior a 6 litros - o que é muito razoável tendo em conta o andamento a que tinha sido submetida. A passagem pela serra, entre Santana e S. Marcos foi realmente divertida, tendo-se destacado a capacidade de resposta do bicilíndrico que está sem dúvida num nível muito superior ao das versões anteriores que já tinha tido oportunidade de experimentar.



Quando cheguei a Faro apenas se queixavam os braços e os ombros, não pela falta de ergonomia - que encontrei perfeita - mas sim pela falta de proteção aerodinâmica que me obrigou a ir, durante pouco mais de duas horas, agarrado com “unhas e dentes” ao guiador, com medo que ela se me escapasse! E mesmo no final de um dia bastante longo, a sensação de conforto que a F800R proporciona, não se tinha ainda esgotado.

Para resumir: é um “brinquedo” exclusivo, muito divertido, rápido, seguro e polivalente, de linhas carismáticas que não envergonha de forma nenhuma os pergaminhos da marca.

terça-feira, junho 12, 2012

Harley-Davidson Sportster XL 1200 Seventy Two



Uma Wild Run pelo Alentejo...

Há uns dias fui dar uma voltinha de fim-de-semana. E foi esta Harley-Davidson Sportster XL 1200 "Seventy Two" que me levou a sair cedo da cama, num Sábado de manhã, e atravessar parte do Ribatejo e parte do Alto Alentejo para passar um bom bocado com malta amiga.

O estilo deste novo modelo da Harley-Davidson é inegavelmente biker.Cheia de atitude, minimalista, com muitos cromados, posição de pés para a frente, braços no ar e muito vento no peito. A sua condução é muito agradável e a caixa de cinco velocidades é bastante suave. O pequeno depósito influencia substancialmente a pureza da linha, apesar de a sua capacidade ser quase ridícula, proporcionando uma autonomia a rondar os cem quilómetros. Mas os espelhos retrovisores estão bem colocados, tal como os comandos. E tendo em conta o reduzido peso, torna-se também muito manobrável. Pena é a "qualidade" do assento, muito rijo, o que em conjunto com a escassa ergonomia faz pensar duas vezes antes de iniciarmos longas jornadas.

Para os puristas, as Harley's desta nova geração estão "ajaponesadas" querendo dizer que estão demasiado polidas e com pouco carisma. A eletrónica foi, para eles, o final de uma época, a destruição de grande parte da mística. A irregularidade de funcionamento já quase não existe, e afinações especiais são agora absolutamente impraticáveis. De certa maneira percebo-os, mas pessoalmente considero que o melhor que aconteceu às HD, tal como a todas as motos, foi precisamente a adopção da injecção e da ignição electrónicas. Ter a certeza que o motor vai arrancar e ter uma resposta mais viva e decidida do acelerador só melhora a experiência de condução. E já para não falar na redução do consumo!  
Por mim, que normalmente não gosto de barulho numa viagem, tenho que admitir que o escape de origem é demasiado castrador do som que o "VTwin" emite. Pelo menos quando comparado com as motos da velha guarda que nos fazem aquecer as entranhas a cada aceleração.

O meu objectivo inicial era ir até Montemor, pela N4 e daí seguir pela N2 até Ponte de Sôr, ou lá perto. Mas a meio do caminho, as nuvens a acumularem-se para leste, fizeram-me mudar de rumo e seguir a bonita e bem asfaltada N114 até perto de Coruche, onde a  N251 me levaria ao Couço, para depois cruzar a periclitante Ponte de Santa Luzia e seguir pela velha e contorcida estrada municipal que liga ao paredão da barragem de Montagil, troço onde há muitos anos passava com frequência, muito antes dele ser asfaltado. Daí retomaria a N2 até ao Domingão, um pouco antes de Ponte de Sôr, quase a chegar ao meu destino.

Em Montargil raramente resisto a dar uma voltinha pela beira do grande lago artificial, e apesar da "72" estar longe de ser uma "trail" a jante raiada de 21 polegadas na roda da frente serviu de desculpa para sujar um pouco os pneus janotas e posar para a fotografia. A verdade é que a paragem também serviu para descansar o fundo das m,inhas costas. Tinha parado no Couço, tomado calmamente um pequeno almoço inevitavelmente "biker" e aproveitado para abastecer de combustível, precisamente porque já vinha a acusar cansaço, levava então pouco mais de cem quilómetros percorridos. E poucos quilómetros depois já sentia novamente o mesmo incómodo...  


Por se tratar de uma Harley Davidson, permito-me aqui a um comentário estético: Uma outra cor disponível para a "Seventy Two", que estava em exposição na Harley-Davidson Lisboa quando fui levantar a moto de testes, deixou-me literalmente de "boca aberta" com a beleza das suas linhas realçada por este esquema cromático Big Red Flake. Ficava muito bem na minha garagem!

Nem me animei a desviar para Tramaga para mais um "ajuntamento". Mas tive que voltar a parar em Ponte de Sôr para aliviar mais um pouco. E depois a tolerância foi mesmo à conta para chegar ao destino, perto de Alter do Chão. Os últimos quilómetros foram apenas suportados à custa da bela paisagem. A estrada teimava em fazer-se longa devido ao massacre a que as minhas costas (e não só) já tinham sido submetidas. O estilo não perdoa e o minúsculo e rijo assento, aliado ao facto a posição de condução nos fazer apoiar toda a coluna vertebral verticalmente por cima cóccix, tem como consequência o facto de, a cada pancada que a suspensão não consegue filtrar, parecer que as cervicais nos vão furar o forro do capacete. Definitivamente, fiquei esclarecido que estas motos não são para grandes passeios!

De qualquer forma, o dia foi bem passado mas a ideia do regresso fazia latejar o meu ainda dorido fundo das costas, pelo que usei todas as desculpas para recuperar durante mais um pouco. Valeu-me a música dos KILLT, o "chilli" bem picante e o "tinto do batizado" para ganhar coragem e me decidir a fazer-me à estrada!

Finalmente a caminho de casa, já noite bem avançada, no tal troço entre Montargil e o Couço, ainda tive tempo para apanhar um valente susto quando, numa curva, o poisa pés raspou no alcatrão e, provavelmente por ter batido num pequeno buraço ou fenda, partiu rente ao suporte, levando com ele o pedal do travão.

O susto não foi o facto quase ir ao chão num local ermo e com pouco movimento, mas sim o pulo que subitamente a roda da frente deu, mesmo antes de eu me poder dar conta do que tinha acontecido. Felizmente a roda dianteira não chegou a pisar a terra da escassa berma e pude, com o "abrandador" da roda dianteira, parar em segurança e sem mais nenhuma consequência.

Refeito do susto e depois da vã busca do que quer que fosse que tivesse sobrado do poisa pés e do pedal do travão, lá continuei o caminho, praticamente sem travões, de perna em cima do filtro de ar, a esfregar a canela que no meio daquilo tudo ficou ainda mais dorida do que o fundo das costas, e sem eu saber como... Menos mal que levava botas de cano alto.