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quarta-feira, maio 16, 2012

Aprilia RSV Mille R (2004)





Foi com grande curiosidade e expectativa, que me dirigi às instalações da Milfa em Lisboa para ir buscar a afamada RSV MILLE R de 2004, gentilmente cedida ao Moto Clube Virtual para ser testada.

Tinha já lido umas coisas sobre ela:

Que é bastante mais pequena, estreita e compacta que o modelo anterior, e que tinha havido uma grande preocupação na ergonomia e na aerodinâmica, tendo até os Piscas sido incorporados nos espelhos retrovisores e na carenagem, e os escapes colocados de forma a diminuir a turbulência, tudo em prol de um coeficiente de penetração (CX) exemplar.

Também já sabia que o seu motor "V 60 Magnesium" resultava de uma tão grande reformulação do anterior V990, que fez com que a Aprilia lhe desse um nome novo. Na realidade, os actuais cerca de 140 Hp às 9,500 rpm e o Binário de 107 Nm às 7.500 rpm, alargam a faixa de utilização do motor, e são sobretudo mais "dóceis" que os debitados pelo motor antigo. Também os escapes, com os colectores redesenhados a passarem por dentro do braço oscilante e fabricados em aço Inox, e as duas fantásticas panelas Helmotz, foram instalados de forma a melhorar a resistência aerodinâmica e o equilíbrio de massas para, na prática, manter os 185 Kg de peso a seco, realmente bem repartidos.

E depois, havia a central de comando electrónica, desenvolvida em conjunto pela Siemens e pela VDO, e que efectua toda a gestão do motor! Ela recebe informações em tempo real a partir de 15 sensores (temperaturas do ar e liquido de arrefecimento, pressão da atmosfera, do "ram air" e do Óleo do motor, Sonda Lambda, sensores de rotação da cambota, caixa de velocidades, do acelerador e da roda traseira, sensores de posição do descanso lateral, embraiagem e ralenti, e voltagem da bateria) processando-as e transmitindo-as instantaneamente aos comandos, o que prometia um comportamento de entrega de potência exemplar, e uma velocidade máxima de 280 Km/h.

E lá me sentei na máquina! É realmente uma máquina muito ,mais bonita do que confortável!

A caixa de entrada de ar, sendo um componente estrutural do quadro, proporciona aquele painel de instrumentos limpo, sem as habituais aranhas de suporte da carenagem. E no exíguo Cockpit, a arrumação dos manómetros e dos comandos é agradável, muito legível, com todas as informações necessárias bem à vista. A regulação das duas manetes permite o ajuste a qualquer gosto, sobretudo necessário para corrigir a super-eficácia do travão da frente.

Arranquei, e alguns quilómetros e alguns "weelies" involuntários depois, tinha chegado à conclusão que andar com todo aquele "style" em Lisboa, era bom para o Ego mas péssimo para as costas e para os pulsos. Já para não falar em digerir um bom cozido à Portuguesa, sentado naquela posição e a apanhar o calor do motor no meio das filas de trânsito ou parado ao sol nos semáforos de Lisboa.

No entanto, esse esforço também me serviu para descobrir uma posição confortável que me permitisse encaixar os meus exagerados centímetros e quilogramas naquele exíguo espaço que inacreditavelmente com o hábito, se veio a revelar mais do que suficiente para que se possa obter o máximo prazer de um veículo que, apesar de ser destinado às pistas, se comporta em estrada de uma forma tão segura que nos proporciona médias de tempo desconcertantes. Ainda que com chuva, e muita água no piso, a Mille parece que tem sempre tudo controlado!

E essa é sobretudo a mensagem que aqui deixo: a RSV MILLE R tem segurança que nunca mais acaba:

-Tem uma travagem alucinante, ao que todo o conjunto responde sem afundamentos, nem hesitações, permitindo mesmo a travagem com inclinações já pouco ortodoxas em estradas públicas.

-Tem uma aceleração vertiginosa (sobretudo devido à utilização da caixa de rapports curtos) que permite ultrapassar camiões TIR em tão pouco tempo que parecem estar parados, vão eles à velocidade que forem!

-Tem uma capacidade de mudança de direcção tão elevada, que dentro da curva e já com alguma inclinação, nos permite ainda desviar de tampas de esgoto ou buracos do alcatrão sem que a nossa segurança fique em risco.

Pena é que, neste nosso querido país, não haja um sítio onde se possam experimentar "a sério" estas maravilhas da tecnologia.

Deve ser muito interessante entrar num autódromo, com todo aquele arsenal de eficácia, e ouvir aquele motor a rugir acima das 7.000 RPM e aguardar (quase nada) pelas 10/11.000 RPM para passar de caixa. E não termos que nos preocupar se a roda da frente vai no ar ou não, além de poder experimentar os limites em curva, coisa que nas estradas definitivamente não se consegue, mas que pela amostra prometem, bem como os limites da travagem que devem ser impressionantes, fazendo fé na facilidade com que a roda traseira se levanta do chão!

Como notas soltas, tenho que falar na fantástica iluminação, mesmo em estrada de curvas, no consumo muito razoável, tendo em conta as solicitações feitas ao motor, no fantástico pneu 190 traseiro que parecia ser autocolante depois de quente, mesmo quando à saída das curvas se exagerava no acelerador, o "computador de bordo" com dois totalizadores parciais, mais um registo de velocidade máxima e um cálculo de média de velocidade, e por fim, em jeito de cereja em coma do bolo, a quase total ausência de vibrações do motor em todos os regimes, mesmo até ao ralenti.

Parabéns à Aprilia que tem uma máquina que pode proporcionar muito prazer a quem andar com ela na estrada. Sobretudo se o objectivo for chegar depressa.

Texto: Rogério Carmo

Fotos: Aprilia







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